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Tecnologia de inteligência artificial para potencializar o engajamento de idosos no cuidado humano

  • Foto do escritor: Agile Health Tech
    Agile Health Tech
  • 12 de ago.
  • 4 min de leitura
Tecnologia de inteligência artificial para potencializar o engajamento de idosos no cuidado humano

O envelhecimento populacional é uma das transformações demográficas mais marcantes do Brasil nas últimas décadas. Segundo o Censo Demográfico de 2022, o número de pessoas com 65 anos ou mais aumentou 57,4% em apenas dez anos, atingindo 22,2 milhões de brasileiros. Esse avanço reflete uma realidade global: vivemos mais, mas também convivemos com o crescimento das doenças crônicas e da demanda por cuidados de longa duração.


O aumento da longevidade, embora positivo, traz consigo desafios significativos. O sistema de saúde enfrenta uma pressão crescente, não apenas por consultas e procedimentos, mas pela necessidade de um cuidado coordenado, contínuo e adaptado ao contexto de cada indivíduo. A comunicação entre diferentes especialistas nem sempre é fluida, o que pode gerar ineficiências, duplicação de exames, uso inadequado de recursos e aumento de custos.


No caso da população idosa, a barreira não é apenas clínica, mas também tecnológica. Embora cerca de 60% dos idosos brasileiros usem aplicativos de mensagens como o WhatsApp, muitos enfrentam limitações de letramento digital, declínio cognitivo, insegurança no uso de novas ferramentas e até ansiedade tecnológica. Esse cenário exige soluções que unam simplicidade de uso, acesso facilitado e cuidado humanizado, potencializadas pela tecnologia.


Foi nesse contexto que nasceu o modelo de cuidado descrito neste estudo, integrando inteligência artificial (IA) a um canal já familiar — o WhatsApp — para oferecer suporte proativo, personalizado e contínuo a beneficiários idosos.


Descrição detalhada da solução


O modelo combina três pilares principais:


  1. Canal único de comunicação via WhatsApp: Evita a necessidade de aprender a usar novos aplicativos, garantindo facilidade de adesão. Por meio dele, os beneficiários recebem orientações, suporte e encaminhamentos.

  2. Atuação de promotoras de saúde: Profissionais treinadas para estabelecer vínculo humano, compreender a realidade de cada idoso e articular o cuidado com a rede credenciada ou o sistema público.

  3. Inteligência artificial aplicada à navegação em saúde: Algoritmos de processamento de linguagem natural (PLN) e modelos de linguagem de grande porte (LLMs) analisam mensagens para identificar necessidades, barreiras e níveis de motivação, priorizando casos e apoiando a decisão clínica.


A jornada do beneficiário segue um fluxo simples, mas altamente eficaz:


  • Busca ativa: a equipe entra em contato via WhatsApp para apresentar o programa.

  • Avaliação inicial: coleta de dados sobre queixas, histórico de saúde e perfil motivacional.

  • Encaminhamento: conexão com serviços adequados (telemedicina, atendimento presencial, exames domiciliares, orientações preventivas).

  • Acompanhamento contínuo: monitoramento da evolução e reavaliação de necessidades.

  • Apoio personalizado: orientações adaptadas à realidade de cada perfil (proativo, ambivalente ou resistente).


Processo de implantação


O desenvolvimento e a implementação seguiram etapas claras ao longo de dois anos:


  1. Planejamento estratégico: Definição dos objetivos, indicadores de sucesso e desenho do fluxo de atendimento.

  2. Capacitação da equipe: Treinamento das promotoras de saúde no uso da plataforma, comunicação empática e aplicação do modelo de avaliação motivacional.

  3. Integração tecnológica: Configuração da plataforma digital com algoritmos de IA para análise de mensagens e priorização de casos.

  4. Implantação em ondas: Inclusão gradual dos beneficiários, permitindo ajustes conforme o feedback e os dados coletados.

  5. Ajustes iterativos: Revisões quinzenais de processos, indicadores e desempenho para otimizar resultados.


Resultados detalhados


Engajamento e adesão

  • 10.939 beneficiários contatados

  • 80,5% leram a mensagem inicial

  • 56,5% iniciaram interação (meta era 30%)

  • 3.164 participantes ativos atualmente

  • 23.246 conversas e mais de 107 mil mensagens recebidas

  • Média de 12 necessidades atendidas por participante


Tipos de necessidades atendidas

Tipo de demanda

Quantidade

Orientação e educação

2.146

Questões de rede credenciada

1.090

Suporte administrativo

901

Demandas agudas

497

Acolhimento emocional

223

Atendimento domiciliar

85

Perfil motivacional

  • Proativos: 55%

  • Ambivalentes: 43%

  • Resistentes: 2%


Principais barreiras dos ambivalentes

  • Problemas com medicamentos

  • Questões emocionais

  • Dificuldades financeiras

  • Falta de apoio familiar

  • Problemas de agenda e transporte

  • Experiências negativas com serviços


Principais condições de saúde

  • Cardiovasculares: 49,2%

  • Saúde mental: 41,2%

  • Metabólicas/endócrinas: 22,2%

  • Câncer: 15,4%


Satisfação

  • NPS médio: 90 (meta era 70)


Histórias de impacto

Uma beneficiária de 81 anos procurou o programa após sentir desconforto abdominal. Um pronto-socorro chegou a ser cogitado, mas a avaliação feita pela promotora, com apoio da IA, indicou consulta com ginecologista. O atendimento ocorreu no mesmo dia, evitando uma ida desnecessária ao PS e proporcionando solução mais rápida e adequada.


Análise estratégica


O diferencial do modelo está na combinação de simplicidade de acesso, cuidado humanizado e decisão apoiada por IA.

  • Escalabilidade: o uso de WhatsApp como canal central reduz barreiras e custos.

  • Proatividade: busca ativa evita que problemas se agravem antes de serem detectados.

  • Personalização: análise automática de mensagens direciona recursos para quem mais precisa.


Conclusão e próximos passos

A experiência mostra que é possível superar barreiras digitais, engajar idosos e coordenar cuidados de forma eficaz e sustentável.O modelo pode ser adaptado para outras populações e integrar-se a políticas públicas e privadas de saúde, ampliando seu impacto e promovendo um envelhecimento mais saudável e independente.


FAQ - Dúvidas frequentes


1. Como funciona a inteligência artificial nesse modelo?

Analisa mensagens recebidas via WhatsApp, identifica necessidades e barreiras, e prioriza casos para atendimento humano.


2. Qual o papel das promotoras de saúde?

Estabelecer vínculo, oferecer orientação personalizada e articular encaminhamentos.


3. Por que usar o WhatsApp como canal principal?

É amplamente utilizado pelos idosos, reduzindo barreiras de acesso.


4. Esse modelo pode ser aplicado a outros públicos?

Sim, desde que adaptado às necessidades e canais mais adequados para cada população.

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